sexta-feira, 24 de maio de 2013

A “guerra às drogas” ou como condenar os pobres da cidade



Danilo Georges*
No dia 26 de maio acontecerá à 1ª Marcha da maconha nas Três Fronteiras. Em quase um século de cidade, está será a primeira oportunidade de se debater o tema da descriminalização das “drogas”. A importância desta discussão não se restringe só ao “tabu” que envolve a proposta. O problema é mais complexo, porque agrega noções de violência, estigma, segurança pública, código penal e, seus reflexos no campo político, econômico e social.
Qualificar, portanto, o debate sobre drogas nas Três Fronteiras pode ser uma forma de pensar sem pudores à violência urbana, descortinar as estatísticas que teimam em crescer, já que boa parte dos homicídios, prisões e ações violentas – até por parte do estado – vem supostamente do “fogo”, que se alimenta do combustível do tráfico de drogas.  
A comercialização de drogas é uma atividade extremamente rentável. O Fundo Monetário Internacional calcula que o chamado crime organizado movimenta 750 bilhões dólares ao ano, cujo 500 bilhões seriam gerados pelo narcotráfico, que mesmo “ilegal” consegue virar uma economia legal na lavagem de dinheiro, feita por bancos, empresas e multinacionais.
Se tratando de uma cifra de bilhões, parece óbvio perceber, que o narcotráfico não se sustenta só na favela ou no presídio como muitos crêem. Ele tem seu braço (porque não dizer cabeça) na política seja de forma direta e/ou nas instituições do Estado, polícia e Poder Judiciário. Uma relação que envolve o capital internacional, o banqueiros, juízes e  empresários.
O varejo da droga se exilou em bairros decadentes onde recursos públicos e privados são escassos, e encontra uma mão de obra barateada pelo desemprego em massa, no qual a privação social, cultural e econômica se prevaleceu.
Orlando Zaconne, delegado da polícia civil do estado do Rio de Janeiro ao analisar a Guerra às Drogas e as políticas oficiais de controle do uso e comércio das drogas, evidencia no livro “Os acionistas do nada: Quem são os traficantes de drogas” que, a guerra às drogas funciona como meios de coerção social.  “Não há um combate às drogas feita no andar de cima, pouco se faz para cortar o braço econômico dessa atividade”. Segundo ele, quem produz, distribui e financia essa produção, quem mais lucra com essa atividade raramente é preso. Os detidos são sempre os “bagrinhos” geralmente pobres e maltrapilhos, que parecem está longe daquela cifra bilionária citada pelo FMI.
Contudo, a margem das estatísticas, a guerra contra o tráfico ganha fôlego com os discursos punitivos, que tem sido uma constante nos meios de comunicação e, encontra na falácia da guerra um caminho natural para encarcerar os pobres.
Essa imprensa sensacionalista engrossa o discurso do medo, que ganha retoques com a “demonização” da favela. A criminalização da pobreza é um fenômeno mundial que no Brasil ganha destaque por meio da dita “guerra contra as drogas”, que mais parece uma “guerra contra os pobres”, assim como justifica o sociólogo Zgymunt Bauman: “cada vez mais ser pobre é encarado como um crime; empobrecer como o produto de predisposições ou intenções criminosas-abuso de álcool, jogos de azar, vadiagem, drogas e vagabundagem. Os pobres, longe de fazer jus a cuidado e assistência merecem ódio e condenação-como a própria encarnação do pecado” (Bauman, 2006, pg. 59).
A mídia burguesa constituiu o consenso do “CEP da violência”: um estigma sobre a favela como berço do crime. Logo há um lugar “favela” perigoso que deve ser combatido, controlado e vigiado. Essa perversidade se sobrepõe ao já universal estigma da pobreza. Crime e miséria continuam sendo associados, o primeiro traço da imagem de delinquente é seu status social. Assim, se justifica nessa ótica, que o pobre é naturalmente criminoso.
            As operações, batidas, vistorias policiais quase em sua totalidade acontecem nas comunidades pobres. Os resultados muitas vezes dessas operações são violações a direitos humanos: casas arrombadas sem mandatos, agentes sem identificação, torturas, privação da liberdade, moradores e policiais feridos e execuções sumárias de pobres e trabalhadores.
 A atual política de guerra contra as drogas, para além de revelar um fracasso naquilo que se diz se propor, oculta sua real função que cumpre com magnitude: o controle social das classes pobres”.
Segundo o sociólogo Loic Wacquant: “Os altos índices de encarceramento revelam uma decisão política de Estado, que trocou a responsabilidade coletiva, pela exclusão de classe, pela privatização da segurança, sob o signo do medo” (Wacquant,2005,pg.136).
As políticas públicas deviam pressupor a adoção de um conjunto de medidas não repressivas, buscando um amplo espectros de ações sociais, pois, se gasta cada vez mais dinheiro publico na militarização das polícias e nas operações de guerra as drogas e o resultado tem sido iguais seja em qualquer parte do mundo e/ou no Brasil: cadeias superlotadas, chacinas em regiões pobres, alto índice de homicídios, policiais feridos e deprimidos, pessoas inseguras e com um medo que só aumenta, além do consumo de drogas crescente e de forma excessiva.
Essas medidas punitivas do estado, a lógica do confronto, as operações policiais oferecem, portanto, mais risco e demandam mais gastos públicos do que o próprio dano cometido pelo usuário de droga.
No entanto, essa “solução”, a guerra às drogas, ainda permanece, e com aprovação até em setores progressistas da sociedade. Isso porque o imaginário quanto ao comércio ilegal de drogas continua o mesmo: o de que os chefes do narcotráfico residem em favelas.
Assim, o fruto colhido por essa política de guerra aos pobres também permanece igual: se mata e se prende cada vez mais em Foz do Iguaçu. E a miséria, é a principal característica dos presos e mortos da cidade. A guerra às drogas na Fronteira está para condenar, os já condenados da cidade.

*Historiador, mestrando em ciências sociais UNIOESTE
e Membro do Centro de Direitos humanos e memória popular de Foz do Iguaçu.

Referencias bibliográficas:
Bauman, Zygmunt.O mal estar da pós modernidade..Rio de janeiro, Jorge Zahar, 1999.
Zaccone,Orlando. Acionistas do nada: quem são os traficantes de drogas. Rio de janeiro, Revan, 2007.
Wacquant, Loic. Os condenados da cidade; estudos sobre marginalidade avançada. Revan, Rio de janeiro, 2001.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

TENHO VISTO!


Como tenho visto coisas lindas em você
Só desejo  ter  a sorte de poder continuar vendo
Sigo! 

Observando e absorvendo
Como é bom te sentir ,te tocar
Quero tocar sua pele, teus lábios, seus  seios e os desejos
Tocar seus sonhos e satisfazer seus anseios!

Quero viver, te namorando para seguir a vida essencialmente  enamorado!

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Dorme-te, divina!



Divina, você dorme!
 Deito-me em seu leito
Quando apenas queria, deitar em seu corpo
Enquanto se torna um sonho meu
Sonho contigo, sonho-te!

Tu me bebes, e eu me converto na tua sede
Seus lábios me mordem, seus dentes me beijam
Sua alma me habita, Minha pele te veste
Você a noite é impulsiva, estrela marinha ardente

Sua cabeça deitada, Sobre meu peito poeta
 Envolve-Me, no seu mais profundo sonho
Como um menino em seus braços
 Sinto-me protegido e acolhido

Nossos sonhos são lirismos do destino
Tento-Me livrar da sina do machismo
Ao seu lado está nascendo um novo tempo
Juntos, somos ritmos construtivos

Seu amor é perene, sua Natureza é Amante, seus olhos são brilhantes
Resta-me o fogo no lábio para saciar seu desejo
Seu suor me molha, sua respiração melodiosa me inspira
 Meu coração não bate, tamborila
 Divina você dorme, Dorme-te divina!
Pois, acordada sensualisa minha vida

terça-feira, 10 de julho de 2012

VOE MENINO VOE!


 VOE, MENINO VOE!
Voe menino pássaro!  
Vá de passos lentos e olhar sincero
 Voe assim de mãos límpidas e braços abertos
VOE, MENINO VOE!
Voe entre as palavras e poesias, olhares e melodias
Voe para o mundo imaginário, das ilusões coloridas
VOE, MENINO VOE!
Sua Cabeça vive na lua, seu corpo sempre preso na rua, seus pés firmes no chão!
Vá menino! Pensa ser forte, sente-se se fraco, ser forte é ser frágil
Voe leve como uma pluma, mas com asas de aço
VOE, MENINO VOE!
Voe menino pipa para colorir o céu
Quer conquistar o espaço, mas quando abalado,  não levanta  do chão!  
voe  forte menino falcão!
Voe com sua Rebeldia e ternura, tu es um doce leão
VOE, MENINO VOE!
Seu voo nunca é fim, sempre é recomeço, Recomece!
Reencontre-se entre os novos abraços e braços
 Em cada corpo reencontrado e perdido
  Há sempre uma compaixão meiga e um ego ferido
VOE, MENINO VOE!
Voe alto! Com as deusas
 Cative-as e seja cativado por elas
 Mas não se permita ser cativeiro!
VOE, MENINO VOE!
Voe! Até alcançar as estrelas
Contemple-as, bem no alto, elas são parte dos seus voos
Não desacredite dos seus brilhos, As estrelas são como paixões, incertas!
 Mas não pode nega-las, nem teme-las!
VOE, MENINO VOE!
Voe! Entre os sonhos, idiomas, planetas e biomas
 Voe!  Nas gírias e dialetos, pensamentos, afeto e desafeto
Voe! De passos leves e olhar sincero
VOE, MENINO VOE!
Corra para o abraço de mãe, sinta-se a sensibilidade do feto
 Caminhe acelerado: sagaz e malandro
Caminhe devagar: terno e poeta
VOE, MENINO VOE!
Vá menino! De passos leves, ande pela boemia, bares e templos
Vá De mãos alçadas com a esperança
 Voe!  Rasante nas paixões mundanas.
VOE, MENINO VOE!
Vá menino! Siga, sem pressa! De passos em passos se conheça e se reconheça
 Nesse universo tão sofrido, mas requerido, esquecido e lembrado
Voe com o imensurável, Voe tapete mágico!
VOE, MENINO VOE!
Voe leve como um ultraleve voe sonhador como um aviador
Voe! Tranquilo ou atordoado, siga  Com seus cachos, cacheados e olhos marejados
Voe! De mãos atadas com o sentimento libertário!
VOE, MENINO VOE!
Na favela, no campo e asfalto!
A história não é urgente nem inevitável
 Educar e educar-se para ouvir não para falar
  Sinta-se parte do mundo livre que pode ser reinventado
VOE, MENINO VOE!
Faça Silencio para escutar!  Vá! Com a Comunicação no olhar
 Voe Homem, voe menino!  
 Caminhe com sua urgência particular, de o mundo transformar
VOE, MENINO VOE!
Voe com as amigas do tempo
 Voe com as companheiras das melhores horas
Elas são mais quentes que a luz solar
A conquista é uma turnê devagar!  
VOE, MENINO VOE!
Vá menino! Dê passos  lento e moroso
Que aprendas o caminhar da justiça e nunca o descaminhar da vingança
Nunca alimente a angustia por um salto duvidoso
VOE, MENINO VOE!
Voe alto!  De peito aberto e coração alado
 Voe muito menino! Menino avião!
Mas quando possível pouse em um só coração!

domingo, 17 de junho de 2012

A paz do seu sonho


O mundo lá fora é tão sofrido
É tão bom, chegar em seu lar
Encontrar o sossego em seus braços
A rua tem sido um pesadelo
E sua casa um reduto de sonhos
Nesse ambiente de ternura
 Encontro e me reencontro
Com a paz de espirito que tanto necessito

domingo, 3 de junho de 2012

Entre o ressentimento e a indecisão


Nem Danilove nem Danilagem
Confundi-me com meus personagens
Entre o conflito e a indecisão
ora ternura ora malandragem

O dilema entre materializar os desejos e a auto-sabotagem
Eu não sei se virei fim ou recomeço
Acho que me perdi dentro de mim
Entre o ressentimento e o consentimento

Não sei se sou alivio ou ferimento
Detrioramento da alma, sou um poço de sentimento
O tempo me devora, sou desaparecimento
Acomodação, amodelamento e desmoronamento!

Sozinho sou músico sem instrumento
Sou resultante das migalhas partilhadas e socializadas das noitadas
Despejadas em lagrimas, memórias embaraçadas
Cristalizado, homogeneizado, metamorfoseado e reconfigurado

Entre a integração e a mutação
Personificado, egoesclerozado, militante, limitado e militonteado
Ora esquecido, ora requerido
Mas romântico até o fim da vida ou até outra vida se há


Entre o afastamento e o acolhimento
Aos amores que carrego e tenho de forma incondicional
Ora que me move, ora que me prende
Ora que liberta ora que acorrenta

Eu já era tudo isso! Mas me permitir em me tornar aquilo
Algo de mim foi extraído, fiquei sucumbido
Sei lá oque era tudo isso, mas foi oque me permitiu que eu fosse
Com ajuda do destino ora sou homem ora sou menino

domingo, 20 de maio de 2012

Rasguei meu contrato religioso com o deus/patrão e refiz meu contrato com a natureza e a humanidade:



  Existe nessa sociedade um contrato imposto entre a relação homem/deus. A figura de deus nessa sociedade é assimilada com a de um patrão.
O homem é controlado, amedrontado e vive com medo de ser punido caso seu trabalho não seja bem feito.
Homens buscam ser “bons” ou terem atitudes “boas” esperando uma promoção dos céus, que é transferida na terra ao consumo de mercadorias supérfluas como roupas, carro e joias. Os que tiveram ascensão social são os bons “fieis”.Entre uma caridade ali, outra aqui, seres acreditam acumular pontos para conquistar uma boa gratificação no final da vida.

Rasguei meu contrato religioso com o deus/patrão e refiz meu contrato com a natureza e a humanidade:

Rasguei meu contrato com deus/patrão: libertei-me da ideia de salvação ou calvário. 

Rasguei meu contrato com deus/patrão: sofrer para aprender não!  Aprender é transcender.

Rasguei meu contrato com deus/patrão: viver não é torturar o presente com os valores do passado, e sofrer ameaças com castigos e punições no futuro.

Refiz meu contrato com a humanidade: meu deus é o mar ou o mar é um deus liquido. Ele me ensina que existe uma força maior, algo superior, que não compramos e nem controlamos. Sejamos humildes somos só mais uma partícula no universo.

Refiz meu contrato com a humanidade: estou aprendendo a respeitar a natureza da qual faço parte. Estou tentando modificar a sociedade do qual também sou responsável.

Refiz meu contrato com humanidade: contemplei as pessoas, aprendi a vê nelas a possibilidade da amizade, do afeto, da paixão e da promessa. E não a vê-las como uma ameaça, um inimigo, no qual tenho que combater e competir.
Viver é um pleno exercício espiritual. de respeito, aprendizado, consciência e ajuda mútua.  E a espiritualidade é uma relação permanente, sem forma ou receita única.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Aprendendo a ouvir o silêncio


Estou aprendendo a ponderar o amor com sabedoria, quase como uma tecnologia
As batidas  por minuto do meu coração vão além das ondas sonoras do meu mp3
Melhor do que ouvir a  música, os pássaros e a cidade , é ouvir o som da alma

O som da alma se chama silêncio e  Ele sempre  diz muito!